Artigo – Principais Apontamentos sobre a Filosofia da Educação

Posted on jun 22, 2015

O texto abaixo é retirado do ARTIGO PRÁXIS: PRINCIPAIS APONTAMENTOS SOBRE A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO – elaborado em 2008 para trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título de especialista em: Filosofia e Ensino de Filosofia – Orientador (a): Profº Stefan Vassilev Krastanov

Numa próxima oportunidade daremos continuidade ao texto.

JOCEMIR CLARO – Vice-Diretor do Colégio ABE

O OBJETO DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Conhecimento Filosófico e Científico 

É importante entender que o conhecimento se dá de diversas formas. Nesse sentido Bello (1965) explica que a ciência é um conhecimento certo pelas causas e que filosofia é também um conhecimento certo pelas causas que participa da mesma natureza da Ciência.

Sendo assim, Bello (1965) explica que a Filosofia tem como objeto as causas universais, ou seja, ele define a Filosofia como ‘o conhecimento natural que considera as causas primeiras ou as razoes mais elevadas de todas as coisas’. Essa definição nos leva a refletir sobre a distinção entre ciência e filosofia. Vejamos o que pontua:

A verdadeira distinção, entre Ciência e Filosofia resulta de que a Ciência procede por análise do tipo empiriológico ou espaciotemporal, isto é, análise orientada para o observável e o mensurável, como tais, ao passo que a Filosofia procede pela análise do tipo ontológico, isto é, análise orientada para o ser inteligível. O erro fundamental da concepção positivista da Ciência reside no fato de se limitar a possibilidade do conhecimento apenas ao observável “sem se tomarem as notas sensíveis como o sinal e o substituto de uma essência física, obscuramente percebida por seu intermédio”. Para essa ciência, “a possibilidade permanente de observação sensível e de mensuração desempenha o mesmo papel que a essência para a Filosofia”. (Bello, 1965, p. 14).

Bello (1965) explica que a ciência só pode ir do visível ao visível, enquanto a Filosofia parte do visível para o invisível, ou seja, a ciência se limita ao domínio do que pode ser observado pelos sentidos, ao passo que a Filosofia se orienta para o conhecimento dos princípios que, por sua natureza mesma, escapam à percepção dos sentidos.

Nessa perspectiva, Bello (1965) nos alerta de que a ciência não pode saciar o espírito, que se volta, para as questões de ordem transcendente, procurando descobrir, através dos acidentes dos seres, a sua própria essência, não lhe bastando saber como são as coisas e por que é o que são problemas que caem no domínio da Filosofia.

A educação estudada a luz da filosofia

É importante entender que, cada ciência seja autônoma dentro de seu campo de pesquisa, todas elas, de certo modo e numa certa medida, se subordinam à Filosofia, que tem a competência de julgar as conclusões da Ciência e orientar a atividade científica.

Bello (1965) descreve que a dependência da Pedagogia a respeito da Filosofia é mais estrita do que a das ciências puramente especulativas, que se restringem a investigar como são as coisas, limitando-se a conhecer, sem tentar de modo algum modificar o objeto do conhecimento, ao passo que as ciências normativas procuram, não apenas conhecer a realidade, mas, também, o ideal e os meios de se atingir esse ideal.

De acordo com Rusk apud Bello (1965) a relação existente entre a filosofia e a ciência da educação se dá da seguinte forma: a filosofia formula aquilo que concebe como o fim da vida; a Pedagogia oferece sugestões para a realização desse fim.

Ciências Pedagógicas

Bello (1965) declara que a Filosofia tem a função de julgar todas as conclusões da varias ciências pedagógicas, mesmo aquelas que geralmente se julgam de ordem exclusivamente técnica ou exclusivamente prática, a fim de que se não venha a generalizar a confusão que se nos registram vários setores da Pedagogia, evitando-se que o resultado inevitável dos esforços da coletividade dos especialistas seja uma soma progressiva de descobertas fragmentárias.

Nesse sentido, Bello (1965) explica que as questões de metodologias estão sujeitas às críticas filosóficas, assim, como estão todas as proposições cientificas. Vejamos o que os autores explicam a respeito dessa situação:

Todo método pedagógico deriva de uma doutrina formulada ou inconsciente que lhe serve de ponto de partida e justificação, correndo o risco de um cego empirismo quem se conformasse em aplicar um método pedagógico sem investigar a doutrina que lhe serve de alma. (Binet e Simon apud Bello, 1965, p.17).

Sendo assim, não podemos deixar de destacar a importância da metodologia em fazer suas investigações caso houvesse alguma incompatibilidade entre qualquer proposição da Metodologia e a Filosofia da Educação.

Objeto estrito da filosofia da educação

De acordo com Bello (1965) o objeto estrito da filosofia da educação pode ser estudado sob nenhum aspecto que se enquadrem no setor de outro ramo do conhecimento, ou seja, os problemas que constituem a axiologia pedagógica, que trata das questões dos valores em educação, e, na sua parte chamada de teleologia pedagógica, dos fins e ideal educativo.

Com isso, ressalta Bello (1965) que todas às vezes que algumas ciências como Biologia Educacional, Psicologia Pedagógica e Sociologia Aplicada a Educação auxiliam a Pedagogia tentam resolver questões como as de valor e de ideal educativo.

Nesse sentido, não podemos dizer que essas ciências invadem o campo da Filosofia da Educação. Cada qual dá sua parte de contribuição fazendo com que se concilie.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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JAEGER, Werner Wilhelm. Paidéia: a formação do homem grego. Artur M. Parreira (Trad.). 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MARROU, Henri-Irénnée. História da educação na antiguidade. Mario Leonidas Casanova (Trad.). São Paulo: EPU, 1975.

MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. Tomo III (K-P). São Paulo: Loyola, 2001.

REDDEN, John D.; Nair Fortes Abu-Merhy [Trad.]. Filosofia da educação. Rio de Janeiro: Agir, 1956.

SANTOS, Theobaldo Miranda. Noções de Filosofia da educação.  9 ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1962.

SCHMITZ, Egidio F. Homem e sua educação: fundamentos de filosofia da educação. 1 ed. Porto Alegre: Sagra, 1984.

SEVERINO, Antônio Joaquim (1941-); MEGALE, Lafayette (Ed.). Filosofia da educação: construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 1994.

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